Dossiê Chapada Diamantina


1. INTRODUÇÃO
O Parque Nacional da Chapada Diamantina (PNCD) foi criado pelo decreto nº 91.655 de 17 de Setembro de 1985, com o objetivo de proteger as amostras do ecossistema da serra do sincorá, preservação dos recursos naturais e visitas controladas, pesquisas científicas e conservação de sítios e estruturas de interesse histórico cultural
Quem observa o cenário de terras íngremes e leitos de rios pedregosos não imagina que a Chapada Diamantina não existia; onde hoje é sertão, outrora o mar reinava soberano. Há mais ou menos 1,5 bilhão de anos, o oceano cobria essa área que era um mar raso, onde desaguavam rios torrenciais, vindos de outras grandes montanhas antes que um choque de placas tectônicas criasse as profundas fissuras e depressões. Assim iniciou-se a formação da bacia sedimentar do Espinhaço, onde rios, ventos e mares desempenharam o papel dos agentes modificadores daquela paisagem. As inúmeras camadas de arenitos, conglomerados e calcários, hoje expostos na Chapada Diamantina, representam as atividades destes agentes ao longo do tempo geológico.



Vista do Morro do Pai Inácio (foto: Gabriel Novaes)


Suas montanhas apresentam altitudes acima de 800m, chegando a 1.200m. Sua vegetação de campos rupestres, campos gerais, cerrado, mapas e capões. Sua flora muito rica com bromélias e orquídeas escondem-se à sombra de aroeiras e umburanas, enquanto as sempre-vivas florescem nos campos dos gerais, em ambiente privilegiado, adaptando-se às diferenças de clima, altitude e solo. Na fauna as aves são os animais que mais chamam atenção na Chapada Diamantina, pois, além de serem bastante coloridas e emitirem sons chamativos dentre animais exuberantes nos quais há muitas espécies ameaçadas de extinção.        


               Tico-Tico, Zonotrichia capensis  (foto: Prissilla A. Nascimento)






            Sagui-de-tufos-pretos, Callithrix penicillata  (foto: Prissilla A. Nascimento)


Localização: Bahia, abrange vários municípios como Lençóis, Andaraí, Mucugê, Palmeira, Ibicoara, dentre outros.
Área: 152.000 hectares.
Perímetro: 110 Km
Clima: Tropical, sub-quente, semi-árido brando, com seis meses seco.
Temperatura: média anual de 22º a 24ºC, com máxima absoluta de 36º a 38ºC e mínima absoluta de 4º a 8ºC.

 
2. LENÇÓIS
O município está situado em um anfiteatro natural da encosta oriental da Serra do Sincorá. A sede do município está 410 km distante de Salvador a capital do estado; o território do município compreende uma área de 1.367 km2 e Até o ano 2007 tinha uma população residente no município de 9.621 habitantes.
O relevo é de piemontes, patamares interfluviais, chapadões sedimentares e Serras da Cadeia do Espinhaço.  
                                            Vista do município de Lençóis

2.1 – O Clima da Região de Lençóis
O município de Lençóis está no denominado “Polígono das Secas”, apresentando clima do tipo úmido a subúmido, com extensos períodos de estiagem. A pluviosidade média anual varia entre 1.000 a 1.250mm. Os períodos com mais água vai do mês de novembro ao mês de abril e o mais seco costuma ser no período que ronda o mês de setembro. A temperatura média anual fica por volta de 22,9° C.

2.2 - Hidrologia e Recursos Hídricos
v  2.2.1 – Águas Superficiais
                A cidade de Lençóis está inserida na bacia do rio Paraguaçu (pertence à rede hidrográfica Paraguaçu). Tem como drenagem o rio José, rio Santo Antônio, rio Bonito e rio São Utinga (CEI, 1994g).
                O rio São José é uma drenagem intermitente que flui na direção sul até uma confluência com o rio Roncador, da divisa com o município de Andaraí. A cidade de Lençóis se situa as margens do rio São José. O rio Santo Antônio é uma drenagem que corre na proporção central do município. É inicialmente intermitente passando a ter características de drenagem perene nas proximidades da BR-242. Possui fluxo para o sul na direção do município de Andaraí.
                O rio Bonito localiza-se no norte do município e constitui o limite nordeste com Wagner. Trata se de uma drenagem intermitente que flui para o sudeste até a confluência com o rio Utinga, na divisa leste. O rio Utinga faz a divisa leste com o município de Lajedinho a Andaraí. Flui na direção sudoeste até a confluência com o rio Santo Antônio e possui caráter intermitente. 


Rio Utinga


Cachoeira do Riachinho (foto: Prissila A. Nascimento)

v  2.2.2 Águas Subterrâneas
No município de Lençóis, pode-se distinguir quatros domínios hidrográficos:
  1. formações superficiais Cenozóicas,
  2. carbonatos/matacarbonatos,
  3. grupos Chapadas Diamantina/Estância/Juá e;
  4. metassedimentos/metavulcanitos.
As formações superficiais Cenozóicas são constituídas por pacotes de rochas sedimentares de naturezas diversas, que recobrem as rochas mais antigas. Em termos hidrogeológicos, tem um comportamento de “aquífero granular”, caracterizado por possuir uma porosidade primária e nos terrenos arenosos uma elevada permeabilidade, o que lhe confere, no geral, excelentes condições de armazenamento e fornecimento d’água.
Na área do município de Lençóis, este domínio está representado por depósitos relacionados temporariamente ao Quaternário (depósitos aluvionares recentes) e ao Terciário-Quaternário (coberturas detrítico lateríticas).
Os carbonatos/metacarbonatos ocupam estreita faixa do terreno ao leste da cidade de Lençóis e constituem um sistema aquífero desenvolvido em terrenos de predominância de rochas calcárias, calcárias magnesianas e dolomitas, que tem como característica principal, a constante presença de formas de dissolução cárstica (dissolução química de rochas calcárias), formando cavernas, sumidouros, dolinas e outras feições erosivas típicas desse tipo de rochas. Fraturas e outras superfícies de descontinuidade, alargadas por processos de dissolução pela água propiciam ao sistema porosidade e permeabilidade secundária, que permitem acumulação de água em volumes consideráveis.
O domínio hidrogeológico denominado grupo Chapada Diamantina/Estância/Juá, domina cerca de 85% do território municipal, e envolve litológicas essencialmente arenosas com pelitos e carbonatos subordinados, e que tem como características gerais uma litificação acentuada, forte compactação e intenso faturamento, que lhe confere além do comportamento de aquífero granular uma porosidade primária baixa, um comportamento fissurais acentuado(porosidade secundária de fendas e fraturas), motivo pelo qual prefere-se enquadrá-lo com mais propriedade como aquífero do tipo fissural e “misto”, com baixo a médio potencial hidrogeológico.
Os metassedimentos/metavulcanitos têm comportamento de “aquíferos fissural”. Como basicamente não existe uma porosidade visual primária nesse tipo de rocha, a ocorrência de água subterrânea é condicionada por uma porosidade secundária representada por fratura e fenda, o que se traduz por reservatórios aleatórios, descontínuos e de plena extensão. Dentro deste contexto, em geral, as vazões produzidas por poços são pequenas e a água, em função da falta de circulação, dos efeitos do clima semi-árido e do tipo de rocha, é na maior parte das vezes salinizada. Essas condições definem um potencial hidrogeológico baixo para as rochas, sem, no entanto diminuir sua importância como alternativa de abastecimento nos casos de pequenas comunidades, ou como reserva estratégica em períodos de estiagem.


2.3- Geologia

O município de lençóis é constituído por linotipos representantes do grupo Paraguaçú e Chapada Diamantina, além das formações Morro do Chapéu, Bebedouro e Salitre. Coberturas quaternárias do tipo como níveis de argila cascalho e crosta laterítica, e depósitos aluviares recentes (areias com níveis de argilas e cascalhos) correm na porção Sul do município.
O grupo Paraguaçu está representado pela formação Açuruá (ardósias e metasiltito com lentes de metarenito) em pequenas áreas restritas à porção ocidental do município.
O grupo Chapada Diamantina, sobreposto está representado pelas porções Tombador (conglomerados polimiticos, com lentes de arenito conglomerático e arenito mal selecionado; quatzoarenito eólico com intercalações de arenito mal selecionado e arenito conglomerático, arenito conglomerático e pelito) E Caboclo (siltito e argilito rítimicos e quartzoarenito, com lentes de lamitos algal, calrenito. estromatólito coluna, arenito conglomerático e sitito).
A formação do Morro do Chapéu repousa diretamente sobre a formação Cabocla em contato erosivo e é caracterizado pela ocorrência de conglomerado, arenito conglomerático e quartzo arenito, além de arenito fino a médio, em parte feldspato.
A Formação Bebedouro é constituída de diamictito, pelito e demarca o limite entre o grupo chapada Diamantina e Supergrupo São Francisco na região da Chapada Diamantina. A formação Salitre sobreposta é caracterizada pela presença de calcilunito, tapetes algais e níveis de silexito, dolomito, arenito e pelito, e ocorre em uma área pouco expressiva na porção sudeste do município.

Representação gráfica da estratigrafia do topos do Pai Inácio (modificado de Pedreira & Bomfim, 2002)







Representação gráfica da Anticlinal do Pai Inácio (modificado de Pedreira & Bomfim, 2002)


2.4 – Geomorfologia

Topograficamente a região de Lençóis – BA é acidentada em demasia, com serras, morros, cachoeiras, vales com grande profundidade e estreitos escavados por rios, rodeados de imensos paredões e picos que alcançam mais de .400 m de altitude.

                                            (foto: Indiara P. Farias)


Inserida em uma bacia de rochas sedimentares, com sinais de posteriores soterramentos, causando um leve metamorfismo, permite através das rochas aforadas, serem datadas no Proterozóico, observando-se assim que os processos geológicos que atuaram na formação da região de Lençóis arrastaram-se por milhões de anos, compondo seus aspectos fisiográficos atuais que estão ligados à dinâmica, que relaciona relevo, com uso e ocupação do solo.
O uso e ocupação do solo podem ser entendidos como a forma pela qual o espaço esta sendo ocupado pelo homem, isso implica que é de grande importância realizar levantamento de uso e ocupação do solo, para avaliar a situação desse e se esta sendo realizada de forma positiva ou negativa.


2.5 - Vegetação

Em torno da cidade de Lençóis, a vegetação é classificada como floresta subperenefolia, ou seja, a vegetação torna-se rarefeita em determinada época do ano, voltando a se recompor em outros períodos.

                                                             (foto: Indiara P. Farias)

A vegetação predominante contém os tipos floresta estacional (decidual e semidecdual) e cerrado arbóreo aberto, além de refúgio ecológico montano. No passado, as matas de planaltos ocupavam quase toda a borda oriental da Chapada Diamantina, sendo estas as matas mais devastadas na região devido à retirada de madeira e o implemento de grandes áreas de pastos.
As matas de planalto são florestas estacionais semideciduais em que se sobressaem pela abundância Copaifera langesdorffii, Pogonophora schomburgkiana, Prtium Heptaphyllum, Aspidosperma discolor, Pouteria ramiflora, Microspholis gardneriana e Schoepfia obliquifolia, espécies que apresentam marcantes padrões de deciduidade.

                                                          (foto: Indiara P. Farias)

O estrato superior dessas matas é relativamente maior que das demais mata da região com cerca de 10-20 m, formando principalmente por Copoifera langsdorffii, Pogonofhona schomburkiana, Protium heptaphyllum, Aspidosperma discolor e Pouteria ramiflora; subdossel com cerca de 6-8 m constituido por Micropholis gardneriana, Schoehfia obliquifoli, Mycia detergens e Pouteria torta; e subosque composto espedialmente de espécies Rubiaceae e Melastomataceae, e indivíduos jovens das espécies que compõe o estrato superior. Entre as lianas, detaquan-se Ruellia affinis (Schrad.) Lind. )Acanthaceae), Coccoloba confusa How (Polygonaceae), Bauhinia sp. (Leguminosae) e Phryganocidia Corimbosa (Vent.) Bur.& K Schum. (Bioniaceae), Epífitas e Hemiparasitas são raras.
Às semelhanças entre os padrões de distribuição geográfica encontrados para a flora do campo rupestre e para matas ciliares, as espécies encontradas nas matas de planaltos da Chapada Diamantina apresentam principalmente padrões de ampla distribuição geográfica, ocorrendo em diversas formações florestais, como Hirtella glandulosa, Aspidosperma discolor, Tapirira guianensis, Richeria gramdis var. Calophyllum brasiliense, Alchornea triplinervia, Copaifera langsdorffii, entre outras, Espécies com padrões de distribuição mais restritaos foram menos comuns, como Myrcia blanchetiana e M. Detergens, somente registradas em matas da Serra do Espinhaço.

3. FORMAÇÃO DA CHAPADA DIAMANTINA

O domínio geotécnico da Chapada Diamantina, caracterizado como uma zona de cobertura sobre o Cráton* do São Francisco, com áreas constituídas essencialmente pelas coberturas sedimentares do Proterozóico Médio (Super grupo Espinhaço) e superior (Super grupo São Francisco), respectivamente representadas pelo grupo Chapada Diamantina (Formações tombador, Caboclo e Morro do chapéu)e Una (formações Bebedouro e Salitre),este último correlato do grupo Bambuí. O domínio da Bacia de Utinga que, juntamente com as bacias de Irecê e Iuiú, No estado da Bahia, representam estruturas desenvolvidas no interior do Cráton do São Francisco, sendo depositárias de uma espessa sedimentação predominantemente carbonática, em um regime de mar epicontinental.

*Craton – porção bastante antiga da crosta tendo se mantido relativamente estável por no mínimo 500 milhões de anos, fato que os caracteriza como terrenos Pré-Cambrianos. Por estabilidade entende-se que este se manteve preservado e foi pouco afetado por processos tectônicos de separação e amalgamação de continentes ao longo da historia geológica da Terra.

                                           (foto: Indiara P. Farias)


Estima-se que as formações rochosas da Chapada Diamantina seja data do Proterozóico, com cerca de 570 milhões de anos a 2,5 bilhões de anos atrás
Os processos que delinearam as paisagens da Chapada Diamantina data de um longo período geológico. O relevo planáltico e serrano a região, intercalados por depressões periféricas e interplanáltica teriam se formado, a cerca de 833 milhões de anos.  

                                            (foto: Indiara P. Farias)


3.1 – Super grupo espinhaço da Bahia

No setor sudeste da Chapada Diamantina, cuja área é limitada pelos paralelos 12°00’-13°30’ e meridianos 41°00’-42°00’, medindo cerca de 16.500 km², ocorrem todas as formações componentes do Super grupo Espinhaço na Bahia, estando representados desde o vulcanismo basal do Complexo Rio dos Remédios, até as rochas que encerram a sedimentação do super grupo.
O Super grupo Espinhaço compreende os grupos Rio dos Remédios (não dividido em formações), Paraguaçu (formações Ouricuri do Ouro, Mangabeira e Guiné) e Chapada Diamantina (formações Tombador, Cabodo e Morro do Chapéu). Nessas unidades litoestratigráficas, as fáceis de conglomerados, arenitos e pelitos, além de carbonatos e diamictitos, estão associadas em sistemas deposicionais continentais, transacionais e marinhos. Os sistemas deposicionais continentais são leque aluvial, fluvial e desértico, ocorrendo no Grupo Rio dos Remédios e nas formações Ouricuri do Ouro, Mangabeira, Tombador e Morro do Chapéu. Os transicionais, litoral e deltaico concentram-se na Formação Guiné e os marinhos, planície de maré e plataforma- na Formação Cabocla. A alternância dos sistemas deposicionais e a presença de discordâncias e concordâncias correlativas entre eles permitiram o seu agrupamento em quatro seqüências deposicionais: as duas inferiores coincidentes com os grupos Rio dos Remédios e Paraguaçu; as duas superiores correspondentes às formações Tombador- Caboclo e Morro de Chapéu. Esses sedimentos estão dobrados em um conjunto de anticlinais e sinclinais com eixos ondulados de direção NNW- -SSE, cujo raio de curvatura aumenta de oeste para leste.
A proveniência dos sedimentos do Grupo Chapada Diamantina da Faixa Jacobina/Contendas-Mirante implica em uma relação genética entre ele e aquela faixa que foi interpretada como de origem colisional.


3.2-Serrano e Salões de Areia

Essa região teria sido um mar. Esse processo se relaciona ao despejo dos rios em um mar primitivo, resultando em rochas de arenitos finos e sinuosos. Dessa forma o nível teria abaixado fazendo com que os sedimentos se depositassem, pela ação dos rios e dos ventos. Paralelamente a isto montanhas se formaram nessas proximidades depositando sedimentos cascalhos que atualmente aparecem no serrano, salão de areia e ribeirão. Deve-se considerar também que a ação dos terremotos teve relação direta com a elevação e abaixamento das montanhas.

                                            (foto: Indiara P. Farias)


A cachoeira do Serrano na cidade de Lençóis foi intensamente explorada. Os seus Conglomerados* são formados por fragmentos de diversas rochas e foram depositados no sopé de escarpas.
Após estes processos o mar teria se soerguido novamente, cobrindo os sedimentos grosseiros e ate os mais finos tendo como conseqüência a formação de arenitos finos, assim fica explicado o fato de algumas regiões na Chapada Apresentarem ondulações características de planície de maré.

                                           (foto: Indiara P. Farias)


As rochas sedimentares têm como característica diferencial o seu processo de formação, derivado do processo de deposição de matérias em ambientes continentais ou marinhos; ou seja, a rocha é formada a partir de material gerado pelo intemperismo de rochas preexistentes (sedimentação mecânica ou clástica), incluindo também o material gerado pela precipitação de sais em suspensão (sedimentação química) e o material de origem orgânica (conchas, carapaças). Podem ser consolidadas (como os arenitos) ou inconsolidadas (como as areias).

                                            (foto: Indiara P. Farias)


*Conglomerados – Rochas compostas por fragmentos (clastos ou cascalhos) rolados e subangulares de diversas origens (maiores de 2 mm), reunidos por ação da água ou a força da gravidade e cimentados entre si.Quando os fragmentos (clastos ou cascalhos) são angulosos, toma o nome de “brecha”.

                                            (foto: Indiara P. Farias)


Os tilitos representam uma exceção em termos de classificar as rochas clásticas, já que nessa rocha, grãos do todos os tamanhos são depositados em conjunto. Isso ocorre, porque as galeiras transportam todas as frações granulométricas (matacões, calhaus, seixos, grânulos, areias, silites e argilas) e os depositam conjuntamente nas suas partes marginais onde ocorre o degelo.
Pode-se observar que o Salão de Areia por apresentar maior altitude, esta diretamente mais exposto a ação intempérica de agentes como a água de chuva, os ventos, temperatura. Quanto ao Serrano o principal agente de intemperismo e a água corrente, atuando em sua superfície, além das águas da chuva, a ação da temperatura e vento como no Salão de Areia, mas sobre as superfícies expostas.

                                 (foto: Prissilla A. Nascimento)


                          (foto da Turma no Salão principal)


                                                            (foto: Fernando Silva)

                                           (foto: Indiara P. Farias)


4. AS CAVERNAS DA REGIÃO DA CHAPADA DIAMANTINA

As cavernas são feições geomorfológicas de um relevo conhecido internacionalmente como carste, que significa “campos de pedras calcárias”. Atualmente a designação carste possui um sentido mais amplo, abrangendo todos os aspectos morfológicos oriundos de processos de dissolução encontrados na topografia características das rochas calcárias ou dolomitas. A maioria das cavernas se desenvolve sobre essas rochas, tendo inicio com estreitas fendas de dimensões milimétricas, normalmente preenchidas pela água. O processo de dissolução das rochas forma espaços vazios, permitindo a absorção da água da chuva e dos rios para o subsolo. A circulação da água nesses espaços origina as cavernas. O relevo cárstico em carbonato, a exemplo dos calcários e dolomitos, por reagirem facilmente com soluções ácidas como o ácido carbônico e o sulfúrico, são os mais propícios a chamada espeleogênese (processo de formação das cavidades naturais).  


SISTEMA GRUTA DA FUMAÇA


(foto: Fernando Silva)


A Gruta da Fumaça tem o terreno irregular e galerias e salões estreitos. O destaque fica por conta da incontável quantidade de Tubos de Calcita e Estalactites que pendem de seu teto. Muitas das Colunas (formações originadas da união de Estalactites e Estalagmites) encontram-se rompidas horizontalmente devido a uma acomodação do solo. No interior da gruta corre um rio subterrâneo que provocou a descida do chão da caverna em alguns centímetros. A visitação durou aproximadamente quarenta minutos.
A Gruta da Fumaça fica distante 1 km do acesso a Pratinha e a Gruta da Lapa Doce na rodovia BA-122 sentido Lençóis / Iraquara. 
Mapa com lugares interessantes no percusso Lençóis-Iraquara

É encontrada grande diversidade de espeleotemas na gruta da fumaça, eles são formados a partir do gotejamento de água que escorre da parede da caverna, que é formada por rochas calcárias, a água das chuvas infiltra nas rochas transportando parte do calcário. Ao entrar em contato com o ar, precipita um anel de calcita na base desta gota. Este processo se repete enquanto houver água penetrando pela fenda: cada nova gota dará origem a um novo anel de calcita, consolidando formas cônicas e pontiagudas.


(foto: Luciano Artemio)


                  Coluna feita pela união de estalactite e estalagmite(foto: Indiara P. Farias)


                                         Formações de estalactites (foto: Luciano Artemio)




É encontrado também grande quantidade de estalagmite, essas são formações de carbonato que possui forma cônica, a estalagmite é formada a partir de pingos de água mineralizada que cai do teto e é parcialmente evaporada, forma-se no chão da caverna logo abaixo de um ponto onde está se formando estalactite. Além das estalactites e estalagmites, são encontrados também na caverna, formações de helictites (espeleotemas deformados).
Helictite formando um L (foto: Luciano Artemio)


Cortinas (foto: Indiara P. Farias)


 
LOCAIS VISITADOS
  • MORRO DO PAI INÁCIO


O Morro do Pai Inácio consiste em testemunho erosional situado no flanco ocidental do Anticlinal do Pai Inácio, Chapada Diamantina, na região central do Estado da Bahia. Neste dobramento, de eixo norte-sul, está exposto o contato entre os grupos Paraguaçu e Chapada Diamantina. O primeiro consiste em arenitos finos, siltitos e argilitos, e o segundo, representado pela Formação Tombador, é formado por arenitos e conglomerados, ocasionalmente diamantíferos. O contato entre os dois materializa um limite entre dois tratos de sistemas deposicionais: um inferior de ambiente transacional e um superior, de ambiente continental.
. O Morro do Pai Inácio está situado no limite entre o Parque Nacional da Chapada Diamantina e a Área de Proteção Ambiental Marimbus-Iraquara sendo classificado como “área de proteção rigorosa”. 
Constitui um testemunho erosivo com 1.120 metros de altitude e uma altura de 140 metros.
A denominação Morro do Pai Inácio, está relacionada a uma lenda envolvendo um escravo homônimo que namorava escondido a filha de seu senhor, proprietário de grandes garimpos de diamante. Este, descobrindo o feito do escravo, colocou vários capangas à sua procura. Em fuga, Pai Inácio procurou guarida no topo do morro, e sem ter escapatória, saltou empunhando o seu guarda-chuva. Conta-se que, após o salto, muitos conseguiram vê-lo correndo no vale próximo, para nunca mais ser encontrado.
(foto: Indiara P. Farias)


Turma no Morro do Pai Inácio





  • POÇO E GARGANTA DO DIABO


Localizada às margens da BR 242. São necessários apenas 15 minutos de caminhada, seguindo o Rio Mucugezinho, para chegar ao Poço do Diabo, que possui 10 m de profundidade e uma cachoeira de 20 m de altura. Logo mais abaixo aparece a Garganta do Diabo, um cânion estreito, criado por pressão há milhões de anos. 


                                              Rio Mucugezinho (foto: Gabriel Novaes)
Cachoeira do Poço do Diabo (foto: Indiara P. Farias)


                                               Turma à beira do Poço (foto: Indiara P. Farias)


Garganta do Diabo (foto: Prissilla A. Nascimento)

  • SERRANO, SALÃO DE AREIA 


É o mais popular passeio de Lençóis, a menos de 1Km da cidade. O chão de seu leito parece mármore, as águas escuras como chá propiciam reconfortantes banhos em suas “banheiras” formadas pela natureza
Andando mais um pouco são encontradas formações de rochas conglomeradas de seixos grandes, muito semelhante aos comglomerados da Cachoeira do riachinho, podendo então supor um evento que se iniciou lá e possívelmente migrou para essa região.
Na visita realizada, constatou-se conglomerados arenosos com cimentação frouxa, o que indica ali, um processo de formação desse tipo de rocha sedimentar, além disso a ampla distribuição de um tipo de areia branca, torna o Serrano, um verdadeiro salão de rochas e areia, essa areia por sua vez, funciona também como um bom ambiente de ação sedimentar.


(foto: Fernando Silva)


"Banheiras" naturais no Serrano (foto: Fernando Silva)


Salão de areia (foto: Fernando Silva)


  • CACHOEIRA DA FUMAÇA
Possui 380 m de altura até o chão e fica a mais de 1200 m acima do nível do mar, seu percurso de subida até o local de observação é de 6 km, durando cerca de 2h, fica localizada entre as cidades de Palmeira e Lençóis. Recebeu este nome porque pela altura da queda, a água evapora-se, formando um panorama visual como se fosse fumaça. Entretanto, dependendo da estação, pode estar completamente seca.


Vista do poço da Cachoeira da fumaça (foto: Fernando Silva)



(foto: Indiara P. Farias)



Turma na Cachoeira da fumaça (foto: Luciano Artemio)


  • PRATINHA
Fica localizada na cidade de Iraquara, sendo uma propriedade particular na qual cobra-se R$ 10,00 a entrada, e no local situa-se várias atrações naturais como tirolesa, flutuação, estes sendo pagos além da taxa de entrada.


Formações sedimentares (foto: Fernando Silva)



Tirolesa (foto: Prissilla A. Nascimento)




(foto: Indiara P. Farias)


A Pratinha também oferece passeios de quadricículos, além de oferecer duas grutas como atrativo, uma delas é a Gruta Azul, que leva esse nome devido a coloração azul-anil das águas, essa coloração se deve a calcário dissolvido e provavelmente uma substância hidratada conhecida na natureza como calcantila, que é na verdade uma variação de sulfato de cobre.
Gruta Azul (foto: Indiara P. Farias)





Gruta Azul (foto: Indiara P. Farias)





Gruta Azul (foto: Indiara P. Farias)



Gruta Azul (foto: Indiara P. Farias)