ROTEIRO DE PRÁTICA DE CAMPO: MICRORREGIÃO DE JEQUIÉ
CONTEXTUALIZAÇÃO:
A prática de campo tem como objetivo a busca da interação entre os procedimentos científicos e os cognitivos, clareando a importância do trabalho de campo, no desenvolvimento do raciocínio científico, através de inferências feitas a partir das respostas do roteiro da excursão, culminando com uma pequena geração da interação existente entre os procedimentos científicos e cognitivos.
Nessas experiências será organizada toda a estrutura da excursão de modo que, durante todo trabalho de campo, procuraremos incentivar os participantes a constituírem as inter-relações das Ciências Naturais, com suas observações e interpretações.
Assim, os participantes, relacionarão os dados coletados e tentarão encontrar a solução dos problemas propostos.
Dessa maneira, tendem a ficar mais claras as limitações e a relatividade das observações e interpretações. Todas as questões levantadas serão discutidas pelos participantes, objetivando conclusões consistentes.
Conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB 98/94 e as novas tendências pedagógicas, o ensino-aprendizagem deve valorizar a experiência e vivência do aluno, o que significa que a escola deve extrapolar seus muros e caminhar ao encontro da realidade.
OBJETIVO:
Estudos do meio, onde os assuntos abordados se referem as questões ambientais, através do processo dinâmico de observação e interpretação dos fenômenos naturais.
PERCURSO:
01. Afloramento rochoso no Anel Rodoviário. Identificação do tipo de solo e observação dos processos intempéricos de transformação das rochas em solos.
Afloramento rochoso no Anel Rodoviário (foto: Luciano Artemio) |
02. DIRFAV-Distrito de Irrigação da Fazenda Velha.
2.1 Palestra sobre o projeto de irrigação da Fazenda Velha.
2.2 Observação do sistema de irrigação dos assentamentos.
Graviolas na Fazenda Velha (foto: Luciano Artemio) |
03. Visita a CHESF-Companhia hidrelétrica de São Francisco - Barragem das Pedras – Jequié-Ba.
Palestra sobre o sistema elétrico da CHESF e observação do funcionamento do mesmo.
CHESF (foto:Luciano Artemio) |
CHESF (foto:Luciano Artemio) |
04. Barragem do Cajueiro.
A Barragem do Cajueiro está situada no limite da transição entre a Zona da Caatinga e a Zona da Mata, por isso se apresenta como uma área bastante interessante para análise de toda região, do ponto de vista, geológico, pedológico, geomorfológico, botânica, ocupação humana etc.
Barragem do Cajueiro (foto: Luciano Artemio) |
Barragem do Cajueiro (foto: Luciano Artemio) |
05. Cachoeira do Km 19 ( Rio Crisciuna)
O Rio Crisciuna, um dos afluentes da margem esquerda do Rio de Contas, nasce em Jequié e desemboca no Rio de Contas, na Barra Avenida, separando as municipais de Jequié e Jitaúna. No seu trajeto apresenta belas cachoeiras, sendo a do Km 19, bastante conhecida pela sua beleza.
Além da beleza, a cachoeira tem uma pequena usina de geração de energia, construída pelo proprietário.
Cachoeira do Km 19 (foto: Luciano Artemio) |
Rio Crisciuna (foto: Luciano Artemio) |
Ø Mata Tropical (Cabruca) (vide características gerais)
Destacando a presença de: Cedro (Cedrela odorata); Pau dárco (Tabebuia impetiginosa); Cajá (Spondias mombin; Inhaíba (H. latifolium); Toro, Pequi (Caryocar brasiliense); Sapucaia (Carpotroche brasiliensis); Karoba, Jatobá (Hymenaea courbari); Sucupira (Bowdichia nitida Spruce); Imbaúba (Cecropia sp) Paparaíba (Simarouba amara; Jaqueira (Artocarpus heterophyllus); Oiti (Licania sp) Quaresmeira (Tibouchina sp) Pau Osso e Bambu (Dendrocalamus giganteus).
Ø Latossolo vermelho-amarelo (vide características gerais).
MICRORREGIÃO DE JEQUIÉ: características gerais
Características gerais referentes à localização geográfica, climatologia, hidrologia, botânica, pedologia e geologia da região de Jequié-BA.
LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA
Latitude: 13º51’51”S
Longitude: 40º04’54”W
Altitude: 216m
CLIMATOLOGIA
Na bacia do rio de Contas (Trecho Médio), apresenta uma alternância de duas estações uma chuvosa no verão e outra seca no inverno, regime pluviométrico contrastante, que por sua vez condiciona a hidrologia, a vegetação e conseqüentemente a morfologia atual. Dentre da área estudada observa-se as seguintes classes de clima, diferenciadas pelos limites de temperatura e precipitações: Clima do tipo Aw, clima tropical úmido de savana, com chuvas periódicas e uma estação seca coincidindo com o inverno, situando-se entre Ipiaú até as proximidades de Jequié; e clima 35xh com chuvas irregulares predominantemente no verão, abrangendo toda a bacia média desde Jequié até Brumado.
Precipitação Média Anual: 500-1000mm
Temperatura Média Anual: 24,3ºC
Período Chuvoso: outubro-novembro e março-abril
Tipos Climáticos: Semi-árido
E – Seco Subúmido
HIDROLOGIA
A bacia do Rio de Contas está localizada parte na região meridional da Chapada Diamantina e parte no Planalto Sulbaiano modelada a partir do Mesosóico sobre falhas geológicas no sentido norte-sul (N-S) e posteriormente sendo rebaixada por diversos ciclos de erosão, a bacia do Rio de Contas inclina-se para Leste, até atingir a área formada pelas falhas marginais do continente no período Cretáceo Terciário.
A região em apreço faz parte do médio Rio de Contas, onde os desníveis são considerados 100,00m de Jequié a Ubatã, numa distância de apenas 102,00km. O Rio de Contas percorre 508,00km, desde a nascente na Serra das Trombas (Chapada Diamantina), desembocando no Oceano Atlântico em Itacaré.
A montante de Jequié, a Mata de Cipó rapidamente da lugar à Caatinga, que recobre boa parte da bacia. Neste trecho os solos são rasos e pedregosos sob um clima de acentuada aridez, o que determinou a degradação da Caatinga, aumentada pelos desmatamentos causados pelo homem.
O Rio de Contas tem uma extensão de 508km que nasce na chapada Diamantina, especificamente na Serra das trombas. É um rio de planalto, de regime torrencial ocupando a maior parte do seu curso em terreno metamórfico. Apresenta como principais afluentes da margem direita: o rios Antônio, Gavião, Mungugi; e em sua margem esquerda: rios Sincorá, Jacaré, Jequiezinho, o Preto do Costa, o Preto do Criciúma, o Jibóia e outros.
BOTÂNICA
As formações vegetais da área estão relacionadas com os tipos climáticos supracitados. A Mata Tropical ocupa as regiões onde as precipitações médias anuais estão em torno de 1000mm, com chuvas bem distribuídas durante o ano e temperaturas mínimas superiores à 18ºC. Limitada pelas colinas litorâneas (2000mm), na região de Itacaré até as cristas das Serras em Volta do Rio nas proximidades de Jequié (Serra do km 19). Suas características mais importantes são: a constância da vegetação com umidade permanente, em oposição ao interior da Bacia com períodos irregulares de seca e conseqüentemente processo de caducifolismos. Essa mata apresenta a cultura do cacau que em parte ajudou a preservar a mata original. A esse tipo de associação geralmente dá-se o nome de Cabruca.
A Mata Subcaduncifólia ou Mata de Cipó situada na região de transição entre mata higrófila e as formações arbustivas das zonas mais secas entre Jequié, Maracás e Vitória da Conquista, é uma mata continua, densa e caracterizada pela grande quantidade de lianas. Como vegetação de transição, nota-se a presença de espécies da Mata Tropical e espécies da Caatinga.
Como grande parte da bacia do rio de Contas apresenta o clima semi-árido, a vegetação dominante é a Caatinga, com espécies do tipo xerófita. A região de clima semi-árido com isoietas inferiores à 700,00mm, com chuvas irregulares e estiagem acentuada com temperatura elevada durante todo o ano.
Temos então as seguintes variedades: Caatinga Arbórea ou Caatinga Alta com presença de angico, aroeira e caatinga de porco, nas regiões onde as precipitações são mais constantes e solos com boa permeabilidade. Na Caatinga Arbustiva ocorre a presença de cactáceas, bromeliáceas e juremas. A Caatinga Rala ocorre em áreas de isoietas inferiores a 400,00mm, em regiões de afloramentos rochosos. Apresenta arbustos esparsos, com a presença de mandacaru, coroa de frade e bromeliácea.
PEDOLOGIA
Os Solos refletem a variação climática de uma região de transição, apresentando os tipo podzólico vermelho-amarelo equivalente eutrófico, latossolo vermelho-amarelo distrófico, latossolo vermelho-escuro, cambissolo latossólico e solos litólicos eutróficos.
Ø Solos Podsólicos vermelho-amarelo eutrófico
Esta classe compreende solos com horizonte B textural, não hidromórficos, com argila de atividade baixa, devido ao material do solo ser constituído por sesquióxidos, argilas do grupo 1:1 (caulinitas), quartzo e outros materiais resistentes ao intemperismo e saturação de bases (V%) baixa, isto é, inferior a 50%.
São solos, em geral, fortemente ácidos e de baixa fertilidade natural.Apresentam perfís bem diferenciados, com seqüência de horizontes A, Bt e C, e com horizonte Bt, freqüentemente, mostrando, nas superfícies dos elementos estruturais, película de materiais coloidais (cerosidade), quando o solo é de textura argilosa; são, comumente, profundos a muito profundos, com a espessura do A + Bt oscilando entre 115 e 250cm, exceto nos solos rasos, em áreas reduzidas. São solos de textura arenosa, média ou, mais raramente, argilosa, no horizonte A e média ou argilosa, no horizonte Bt, com relação textural em torno de 1,5 (textura argilosa) e de 3,0 a 10,0, nos de caráter abrúptico ou abrúptico plinthico, os quais possuem características morfológicas bem distintas (coloração variegada ou com mosqueado abundante) e drenagem moderada e/ou imperfeita.
Está constituído por solos bem desenvolvidos, bem drenados, normalmente ácidos, que contem um horizonte A fraco ou moderado sobre o horizonte B textural, não hidromórfico. Possui baixa saturação com o alumínio e muitos poros em todo perfil.
Ø Latossolo Vermelho-Amarelo
É constituído por solos não hidromórficos,e possuem perfis profundos, pois este se encontra dividido em 4 horizontes: A,B,C e D. O horizonte A é formado por compostos orgânicos, derivados da vegetação, juntamente, com a matéria inorgânica Ca, Fe, Mg e K, tendo geralmente uma coloração mais escura; o horizonte B é mais pobre em matéria orgânica e bastante poroso, facilitando a lixiviação do solo; encontramos no horizonte C uma interface da rocha matriz e o solo já formado (horizonte B), é a camada onde encontra-se as rochas em processo de intemperismo; o horizonte D é a rocha matriz.
Ocorrem em relevo plano e a suave ondulado, podendo, com certa freqüência, ser encontrados também em áreas onduladas e excepcionalmente em forte ondulada.
Ø Latossolo Vermelho-Escuro
Os Latossolos Vermelho Escuros são solos minerais muito profundos, que possuem um horizonte A moderado e raramente um a proeminente, textura variando de média a argilosa, são ricos em sesquióxidos, muito porosos, bastante permeáveis e bem a acentuadamente drenados.Tratam-se de solos com perfil A, B e C, geralmente em torno de 3,0m.
Constituem características marcantes desses solos, o baixo teor de silte e a ausência d minerais primários pouco resistentes e reduzida suscetibilidade a erosão.
A relação textural B/A é baixa, expressando um conteúdo de argila no perfil com distribuição relativamente uniforme, ao mesmo tempo que aparecem baixos conteúdos de argila natural no horizonte B e o alto grau de floculação, exceto em casos em que o pH em KCl for igual ou superior ao pH em água. A argila é de baixa mobilidade dificultando com isto a diferenciação dos horizontes.
Esta classe de solos desenvolve-se em relevo plano a suave ondulado, sob vegetação de floresta densa, aberta mista e de campo cerrado
Ø Cambissolo Latossólico
Esta unidade está constituída por solos com incipiente B ou câmbico, não hidromórficos, que apresentam um certo grau de desenvolvimento, porém ainda não suficiente para decompor totalmente os minerais primários de fácil intemperização. Apesar disso, os processos de formação dos solos já modificaram ou alteraram bastante o material originário, formando estruturas, se a textura for adequada para isso. São solos de profundidade mediana, moderados a bem drenados, que possuem horizonte A fraco ou moderado. Morfologicamente possuem seqüência de horizontes A, (B) e C, onde o horizonte A, moderadamente desenvolvido, pode apresentar coloração que vai, normalmente, do Bruno-amarelado escuro ao Bruno-escuro, textura média e argilosa e estrutura fracamente desenvolvida. O horizonte câmbico desse tipo de solo apresenta teor de argila geralmente mais alto ou cromas mais fortes e matiz mais avermelhado que o horizonte suprajacente, com ou sem desenvolvimento de estrutura; ocorre evidência de remoção de carbonatos; e cores cinzas, em determinadas circunstâncias, que aparecem como evidência de redução e segregação de ferro.
Podem se classificar em eutróficos e distróficos. Quando eutróficos, mesmo que os minerais primários, que se decompõem relativamente rápido, aparecem em baixa concentração na fração areia e/ou cascalho, quando for o caso, esses solos devem apresentar sempre argila com média e alta atividade.
Ø Solos litólitos eutróficos
Compreende solos pouco desenvolvidos, rasos a mito rasos, possuindo, apenas, um horizonte A,por vezes chernozênico , assente, diretamente, sobre a rocha (R), ou sobre materiais desta rocha em grau mais adiantado de intemperização, constituindo um horizonte C, com muitos materias primários e blocos de rocha semi-intemperizados, de diversos tamanhos, sobre a rocha subjacente, muito pouco intemperizada ou compacta (R). Nestes solos pode-se, constatar, pois, seqüência de horizontes A-C-R ou A-R e, por vezes, o início da formação de um horizonte (B) incipiente.Estes solos podem ser eutróficos ou distróficos, quase sempre apresentando bastante pedregosidade e rochosidade na superfície. Como material de origem destes solos, aparecem granitos, gnaises, arenito, efusivas básicas, também podendo ser visto materiais.
GEOLOGIA
As rochas no geral são metamórficas do termo granulito, de grãos finos e médios, constituídos essencialmente por feldspato, com ou sem quartzo e minerais ferromagnesianos; apresentando também ortognaisses, os quais são gnaisse proveniente de metamorfismos em depósitos sedimentares; os ortognaisses de origem ígnea; granito-gnaisses caracterizado como 1-rocha grosseiramente cristalina, com bandas metamóficas de composição granítica. 2-gnaisse ígneo primário de composição granítica; e migmatitos. Constituída de material sedimentar e magmático, formada por uma espécie de injeção. Segundo Eskola, rocha mista gnaissóide, originada por mobilização magmática, parcial ou total de uma rocha. Sendo essas rochas representantes do embasamento cristalino.